domingo, 28 de agosto de 2011

Tiradentes um "Tio"?


"Despojos de Tradentes", de Cândido Portinari


O que foi a Inconfidência Mineira
A Inconfidência ou Conjuração Mineira foi uma conspiração feita por parte da oligarquia das Minas Gerais entre 1788 e 1789. Afundada em dívidas, sem condições de pagar os tributos e descontentes com a reforma administrativa a ser promovida na capitania pela Coroa Portuguesa, e que lhe tiraria privilégios, a elite mineira via na independência da região uma solução.
Além da situação econômica – causada entre outros fatores pela crise na exploração do ouro na capitania –, a influência das idéias do Iluminismo e o exemplo da independência dos Estados Unidos da América (1776) serviram como combustível para alimentar os sentimentos de revolta. Para atrair a simpatia popular, o levante deveria ocorrer quando o governo colonial aplicasse a derrama, a cobrança dos impostos em atraso.
Antes de tramar a insurreição, a oligarquia mineira passou anos tentando negociar com a Corte uma solução econômica na administração da capitania. Sem sucesso, tramaram então um levante separatista que, inspirado nos ideais do Iluminismo, propunha a constituição de um estado republicano.
O levante previa a mobilização de tropas, que estavam sob o comando dos militares que aderiram à conspiração, para tomada do governo da capitania. No entanto, a suspensão da derrama pelo governo colonial e a traição cometida por um dos inconfidentes, levou à prisão de todos os participantes.
Por que só Tiradentes “foi” enforcado?
Mestiço, pobre, falastrão, com o perfil adequado a bode expiatório, Tiradentes foi o único dos inconfidentes condenado e executado. Por ordem de D. Maria I, rainha de Portugal, ele foi enforcado e esquartejado em praça pública, em 21 de abril de 1792, para inibir qualquer novo levante contra a Coroa Portuguesa.
Já os principais mentores da Inconfidência Mineira, acabaram morrendo na prisão ou exilados na África. Como o levante fracassou, Tiradentes virou líder e mártir. Caso tivesse dado certo, ele provavelmente não ficaria com as principais benesses do novo regime, conforme comentou Machado de Assis em crônica publicada na comemoração dos cem anos da tentativa de insurreição.
A Inconfidência ou Conjuração Mineira é uma das mais controversas histórias brasileiras.
Primeiro, porque não restaram muitas informações e documentos a respeito de seus participantes, além dos relatos oficiais produzidos pelos juízes do governo colonial.
Em segundo, porque as versões apaixonadas feitas por monarquistas e republicanos nos anos seguintes aos fatos comprometeram uma visão isenta sobre o que realmente aconteceu. O que no final ficou para os discursos oficiais e para as aulas nas escolas foram uma imagem sacralizada de Tiradentes como mártir e a idéia de que o movimento foi precursor da independência do Brasil.
Nas últimas décadas, os historiadores têm se debruçado sobre a trama para construir uma imagem menos apaixonada politicamente e mais científica do movimento e do próprio Tiradentes. Ainda assim, o que reside no imaginário popular é uma história carregada de elementos que remetem o sofrimento do alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, ao martírio cristão: um humilde que se sacrifica para salvar outros “pecadores”, a presença de um “Judas”, um traidor entre eles e até mesmo uma duvidosa semelhança da imagem do alferes com a de Jesus.
Segundo os Autos da Devassa da Inconfidência Mineira e a carta denúncia enviada pelo traidor Joaquim Silvério dos Reis ao governador Visconde de Barbacena, a liderança da insurreição era do desembargador Tomás Antonio Gonzaga. Outras figuras da elite das Minas Gerais, como o coronel Inácio José de Alvarenga Peixoto, o poeta e magistrado Cláudio Manoel da Costa e os religiosos José da Silva e Oliveira Rolim e Luis Vieira da Silva também faziam parte da conspiração. Embora todas essas figuras das classes privilegiadas da época estivessem muito mais envolvidas com a conspiração do que Tiradentes, este foi o bode.
Os Autos da Devassa mostram que no julgamento dos inconfidentes, o advogado de defesa, nomeado pelo governo colonial, pede clemência para todos os réus. Ele qualifica Tiradentes como insano e libertino e mostra que são suas loucuras que influenciaram os demais conspiradores. Defende também que não houve na prática o levante contra o regime português, uma vez que não há testemunhas de que a conspiração tenha sido posta em prática.
Na obra “A Devassa da Devassa”, o historiador Keneth Maxwell traça um perfil dos principais inconfidentes como pertencentes a uma elite endividada. São esses homens que vêem na perspectiva da independência uma solução para os problemas financeiros. Para Maxwell, a Inconfidência foi um movimento da oligarquia mineira, que usou o nacionalismo como o ideal nobre que o movia.
Socialmente alheio ao grupo idealizador da conspiração e preterido das principais decisões, mas totalmente imbuído dos ideais revolucionários, Tiradentes serviu como o perfeito mártir quando o levante foi descoberto.
Ao fazer de Tiradentes um símbolo do que aconteceria com conspiradores, a Coroa Portuguesa criou um herói que serviu de referência para as lutas pela independência e pela república no Brasil. Durante os séculos XIX e XX, o mito cresceu a partir de versões românticas e nacionalistas que historiadores, escritores, poetas, jornalistas e políticos fizeram da Inconfidência Mineira. De qualquer forma, Tiradentes parece merecer o heroísmo a ele atribuído.
Ingênuo ou não, ele foi um dos únicos a ter reafirmado em todas as situações, inclusive no julgamento que o condenou à morte, sua crença nos ideais nobres da Inconfidência.
Curiosidade sobre Tiradentes
Em 1719 foram criadas as tais companhias de Dragões, forças militares profissionais formadas para ajudar na manutenção do sistema de cobranças relativas às pedras preciosas e tal… Bem, eu queria saber se Tiradentes tinha algo a ver com essas forças militares. Já li que ele foi comandante dos Dragões…
Sentou praça
Tiradentes ingressou nos Dragões de MG em 1775, no posto de Alferes, algo semelhante ao posto de sargento, hoje – a patente que faz a ligação entre os oficiais e a tropa. Alguns historiadores falam em tenente, mas esta sugestão diz mais respeito à dignidade do personagem de que funções efetivas que ele desempenhava.
Ele nunca obteve uma promoção, fato que o deixava extremamente insatisfeito, por que ele era reconhecido pelo desempenho e conhecimento de sua profissão.
Tiradentes na Europa?
Isolde Helena Brans, uma historiadora gaúcha, atualmente radicada em Campinas, descobriu provas (no Arquivo Ultramarino, em Lisboa, Portugal) de que o Alferes da Cavalaria de Minas Gerais esteve na Europa, onde entrou clandestinamente e ficou pelo período de um ano e meio.
No “Livro da Porta”, onde se registravam as pessoas que chegavam à Corte, ela descobriu o nome de Joaquim José da Silva Xavier, com a data de 4 de setembro de 1787. Também na Torre do Tombo há referência à estada de Tiradentes em Lisboa, no livro 30 da Chancelaria da Rainha D. Maria I.
Nas suas investigações Dra. Helena rastreou a viagem de Tiradentes à Europa como integrante de um grupo pré-revolucionário que usava o codinome de “VENDEK”. Também foram encontradas cartas e outros documentos que comprovam os encontros de Thomas Jefferson com o Alferes.
Tiradentes, o bode expiatório
Novos estudos históricos apresentam uma inconfidência mineira diferente daquela que nos narram os livros didáticos.
Embora a historiografia oficial considere a inconfidência mineira (1789) como uma grande luta para a libertação do Brasil, o historiador inglês Kenneth Maxwell, autor de “A devassa da devassa”, diz que “a conspiração dos mineiros era, basicamente, um movimento de oligarquias, no interesse da oligarquia, sendo o nome do povo invocado apenas como justificativa”, e que objetivava, não a independência do Brasil, mas a de Minas Gerais.
Esses novos estudos apresentam um Tiradentes bem mudado: sem barba, sem liderança e sem glória. Joaquim José da Silva Xavier não foi senão o “bode expiatório” da conspiração. “Na verdade, o alferes provavelmente nunca esteve plenamente a par dos planos e objetivos mais amplos do movimento.” O que é natural acreditar. Como um simples alferes (o equivalente a tenente, hoje) lideraria coronéis, brigadeiros, padres e desembargadores?
A Folha de S. Paulo publicou um artigo em 21-04-98, no qual se comenta os estudos do historiador carioca Marcos Antônio Correa. Correa defende que Tiradentes não morreu enforcado em 21 de abril de 1792. Ele começou a suspeitar disso quando viu uma lista de presença da Assembléia Nacional Francesa de 1793, onde constava a assinatura de tal Joaquim José da Silva Xavier, cujo estudo grafotécnico permitiu concluir que se tratava da assinatura de Tiradentes.
Segundo Correa, um ladrão condenado morreu no lugar de Tiradentes, em troca de ajuda financeira à sua família, oferecida pela maçonaria. Testemunhas da morte de Tiradentes se diziam surpresas, porque o executado aparentava ter menos de 45 anos. Sustenta Correa que Tiradentes teria sido salvo pelo poeta Cruz e Silva (maçom, amigo dos inconfidentes e um dos juízes da Devassa) e embarcado incógnito para Lisboa em agosto de 1792.
 a cabeça de Tiradentes, levada do Rio de Janeiro para Vila Rica e exposta num poste em frente da Igreja de Nossa Senhora dos Remédios dos Brancos, foi roubada na terceira noite e nunca mais foi encontrada.
… considerada por muitos uma conspiração de poetas e loucos, a Inconfidência Mineira apresenta números que negam a teoria. Os Autos da Devassa implicam 84 pessoas – apenas 24 condenados. Os números: militares foram 15, Civis foram 62 e clérigos foram 7. Entre os militares, está presente quase toda a oficialidade do Regimento de Cavalaria Regular de Minas. Entre os civis, destacam-se: 1 banqueiro, 4 engenheiros, 12 bacharéis em Direito e 4 médicos.
Barra de ouro com o símbolo da Coroa Portuguesa, de 1720
 alferes, do árabe al-fars, o cavaleiro, era o antigo oficial do exército com posto logo abaixo do de tenente.
… escrito por Tomás Antônio Gonzaga durante sua prisão no Rio, em 1789, Marília de Dirceu é um dos mais belos poemas de amor da língua portuguesa. Foi dedicado à jovem Maria Dorotéia de Seixas, com 16 anos na época, por quem o poeta, com 43 anos, se apaixonou e com quem iria se casar se não tivesse sido preso e enviado para à África.
… o encarregado de enforcar Tiradentes, o carrasco Jerônimo Capitânia é, como costumava acontecer, um escravo que teve a condenação à morte transformada em prisão perpétua. Em troca, deve executar as penas capitais impostas pela Coroa, em geral contra negros. Neste caso, Capitânia é “premiado” com a rara oportunidade de executar um branco. Em 1874, a pena de morte foi abolida no Brasil
 tradicional no imaginário popular desde o século XIX, a imagem de Tiradentes com barba e cabelos longos é consagrada no governo Castelo Branco (1964-67).
Em 1966, Castello lhe dá o título de Patrono Cívico da Nação e promulga decreto obrigando que toda representação do alferes se baseie na figura retratada por Francisco Andrade, em escultura exposta no Palácio Tiradentes (RJ). Tal retrato já era condenado por historiadores, os quais afirmavam que os condenados à morte tinham cabeça e rosto raspados antes da execução. O decreto é revogado, em 1976, por Ernesto Geisel. Agência RBS
A imagem que nos deram do Tiradentes e a imagem criada pelos “marqueteiros” da “republica”, que foi instituída de cima para baixo, ela necessitava de heróis. Pegaram a figura de um homem indo para a forca, que logicamente deveria estar com o cabelo e a barba bem aparados, para que o laço corresse bem pelo pescoço, e cristianizaram com os cabelos e a barba comprida. Dentre as figuras que comandara a Inconfidência ele era uma figura menor, somente um grande agitador de massas.
Os principais dirigentes pertenciam a famílias ilustres e a corte negociou, mas alguém, como já disseram, tinha de ser punido. Outra história que necessita ser corrigida para virar história é a de José Bonifácio, que se auto proclamou o patriarca da independência, mandando confeccionar 100 mil cartazetes, o que era uma das formas de mídia na época, e distribuiu por todo o Império. A imagem que todos nós vimos nos livros de história é está.
Enquanto o real patriarca, o homem da revolução Pernambucana, Gonçalves Ledo, defensor da República Democrática, em contrapartida a República Monarquista, vencedora, acaba por morrer exilado na Argentina, morrendo tuberculoso.
José Bonifácio, que era a cabeça do apostolado católico, perseguidor de maçons, manda fechar todas as Lojas que não fossem monarquistas, mandando prender muitos irmãos maçons. Gonçalves Ledo era ligado ao Grande Oriente França e José Bonifácio a Maçonaria Inglesa.
Na Inglaterra não aconteceu a ruptura burguesa, houve um pacto de poder com a criação da Câmara dos Comuns, o Império do Brasil era vinculado dependentemente a Inglaterra. A Cabanagem, movimento revolucionário no Pará, também era ligada a Maçonaria e foi perseguido e destruído pela armada inglesa, sob a orientação do Regente Feijó. Temos de repensar este país e um começo é reescrever a nossa história.
Fonte Primária
Documento do Arquivo Nacional do Rio de Janeiro:
“Pedro Affonso Galvão de São Martinho, Sargento Maior Comandante do Regimento de Cavalaria Regular de Vila Rica de que é Coronel e Ilmo e Exmo Senhor Visconde de Barbacena, Governador e Capitão General da Capitania de Minas Gerais.
Certifico que Joaquim José da Silva Xavier, Alferes da 6ª Companhia do dito Regimento, saiu desta capital para o Rio de Janeiro em 2 de março de 1787, com dois meses de licença, e depois teve mais dois meses de prorrogação, concedido pelo Exmo Senhor Luiz da Cunha Menezes que era governador e Capital general desta Capitania; além do dia tempo, o mesmo Alferes se demorou no Rio de Janeiro, por moléstias e outras causas, até que se apresentou no Regimento em 28 de agosto de 1788.
Teve segunda licença de um mês, para vir ao Rio de Janeiro, que principiou em 10 de março de 1789, a qual excedeu o que tudo consta dos mapas de mês do Regimento e do livro mestre consta a folha 19, em que esta o acento do dito alferes, que em 10 de maio de 1789 foi preso na Ilha das Cobras do Rio de Janeiro a ordem do Ilmo e Exmo.Sr. Visconde de Barbacena Governador e Capitão General desta Capitania. Vila Rica, 10 de outubro de 1789. Pedro Affonso Martinho,Sargento Maior Comandante.”
Portanto, analisando este documento -FONTE PRIMÁRIA- e deixando a emoção de lado, é no mínimo razoável ser de toda inviável a viagem de Tiradentes a Europa.
Muito já se falou e muito já se escreveu sobre a possível condição de Maçom de TIRADENTES, gerando uma série de controvérsias que a gente não sabe quais os autores confiáveis. Isso acabou gerando uma história distorcida que com tanta repetição quase chegam a ter foros de verdade. Uma mentira repetida muitas vezes acaba sendo considerada uma verdade. Um historiador, para fazer uma afirmação de que Tiradentes foi Maçom, deve se basear em documentos que comprove essa condição e infelizmente, até hoje, ninguém encontrou nada dando prova disso.
De uns tempos para cá, surgiu, no meio historiográfico a hipótese de que Tiradentes tivesse estado na Europa e mantido contato com Thomas Jefferson, no sentido de obter apoio para uma revolução emancipadora. Afirmam até, que ele seria o misterioso emissário Vendeck, que fez contato com Jefferson.
A partir dessa hipótese, alguns historiadores Maçons, que, contra toda a evidência, querem fazer crer que o Tiradentes foi Iniciado, passaram a especular sobre a possibilidade de ele ter sido Iniciado na Europa, já que no Brasil não existiam Lojas Maçônicas. Outros autores (usando mais o coração do que a razão) chegam ao cúmulo de afirmar que ele teria sido Iniciado (por comunicação ou não) no Rito Escocês e dão até o nome do Venerável Mestre que o consagrou.
Vale a pena salientar que naquela época além de não haver uma só Loja Maçônica no Brasil, o referido Rito só apareceu em 1801 na França e chegou ao Brasil muito depois dos Ritos Moderno e Adonhiramita que foram introduzidos junto com as primeiras Lojas fundadas no nosso País.
Também existe aquela velha questão na Maçonaria de que todo vulto histórico de destaque positivo foi Maçom, enquanto que os de destaque negativo certamente não o foram. Então a vontade de se fazer Tiradentes Maçom é grande. Nos, particularmente, ficamos com autores que bebem das fontes primárias e deixam a emoção de lado como José Castellani, Prober.
Texto extraído do site: http://www.obreirosdeiraja.com.br

Abração a todos-Rumo a uma reestruturação moral e administrativa-Por uma Ordem DeMolay cada vez mais Forte-Avante meus Irmãos!!!

Clauderlando Moura" '

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